Família denuncia que homem foi cremado por engano em cemitério de Belo Horizonte
Parentes de um idoso descobriram a confusão na sexta-feira (30), quando seria feita a retirada da ossada para a troca de jazigo
Minas Gerais|Lucas Eugênio, do R7, com Fernanda Rodrigues, da RECORD MINAS

A família de um homem denuncia que ele foi cremado por engano no Cemitério Bosque da Esperança, no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte. José Orton Sathler morreu aos 76 anos, em abril de 2021, em decorrência da Covid-19. Os parentes descobriram a confusão na sexta-feira (30), quando seria feita a retirada da ossada para a troca de jazigo. Mas, ao abrir o túmulo, outra ossada foi encontrada no local.
O idoso havia sido enterrado em um jazigo comunitário e provisório. Ele deveria ser exumado três anos depois, tempo que venceria em 2024, e levado para um jazigo permanente. No entanto, segundo o boletim de ocorrência, quando a data estipulada chegou, os funcionários do cemitério chamaram a família, mas disseram que o corpo ainda não poderia ser retirado do túmulo, já que ainda não havia terminado de se decompor.
Na sexta-feira (30), a família foi chamada novamente ao cemitério para recolher a ossada de José. Ao chegarem no cemitério, viram uma ossada com uma placa de platina fixada no fêmur esquerdo. Os filhos então perceberam que havia outra pessoa enterrada no lugar do pai.
Questionada, a istração do Bosque da Esperança confirmou o engano. A funcionária explicou que os ossos de José haviam sido cremados no ano ado, no lugar dos de uma mulher, que estava enterrada no mesmo jazigo comunitário.
A família acionou a Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência do caso, já que não era um desejo dos parentes a cremação - que aconteceu sem a presença ou autorização da família. O caso foi registrado como “troca de corpos na exumação”.
De acordo com o cemitério, os sepultamentos aconteceram no período mais crítico da pandemia de Covid-19, quando dois sepultamentos foram agendados para o mesmo jazigo comunitário, em horários distintos. Um seria enterrado às 09h30 e outro às 15h. Mas, um atraso provocou a inversão na ordem dos enterros.
“O corpo originalmente agendado para às 15h foi sepultado primeiro, e o corpo que deveria ter sido sepultado às 9h30, devido ao atraso, acabou sendo sepultado na posição superior do jazigo, assim que chegou. Durante todo o tempo, os corpos permaneceram devidamente identificados”, detalhou o cemitério.
O Bosque da Esperança informou que os funcionários envolvidos na troca das ossadas foram identificados e demitidos. “A istração do cemitério entrou em contato com a família envolvida no mesmo dia da constatação, com o objetivo de esclarecer integralmente os fatos e buscar alternativas para amenizar a situação da forma mais respeitosa e adequada possível”, explicou.
O caso não vai ser investigado pela Polícia Civil, pela falta de conduta criminosa. Segundo a corporação, “o crime de vilipêndio a cadáver exige, necessariamente, conduta dolosa, ou seja, a vontade deliberada de desrespeitar os mortos. No caso em questão, conforme relatos, não houve dolo, tratando-se de um erro, o que afasta a possibilidade de responsabilização na esfera penal”.
Confira a nota do Cemitério Bosque da Esperança na íntegra:
A istração do Cemitério Bosque da Esperança vem a público esclarecer os fatos identificados durante o procedimento de exumação realizado no último dia 30, que revelaram a entrega equivocada de restos mortais à família de um dos sepultados.
O caso remonta a abril de 2021, durante o período mais crítico da pandemia de COVID19, quando dois sepultamentos foram agendados para o mesmo jazigo comunitário, em horários distintos: 9h30 e 15h. Entretanto, em razão de atrasos logísticos provocados pelo contexto emergencial da pandemia, o corpo inicialmente previsto para o sepultamento às 9h30 precisou retornar à funerária, chegando novamente ao cemitério apenas às 17h45.
Diante disso, houve uma inversão na ordem dos sepultamentos: o corpo originalmente agendado para às 15h foi sepultado primeiro, e o corpo que deveria ter sido sepultado às 9h30, devido ao atraso, acabou sendo sepultado na posição superior do jazigo, assim que chegou. Durante todo o tempo, os corpos permaneceram devidamente identificados.
O Cemitério convidou a família para acompanhar o procedimento de exumação, como ocorre rotineiramente. Foi nesse momento que todos foram surpreendidos ao constatarem, por meio de uma cápsula de identificação — procedimento excepcional de segurança adotado pela empresa — que os restos mortais da exumação anterior haviam sido entregues incorretamente à outra família, no ano ado.
Uma vez constatado o erro, os colaboradores cuja conduta contrariou os protocolos operacionais estabelecidos foram identificados e imediatamente desligados da empresa. A istração do cemitério entrou em contato com a família envolvida no mesmo dia da constatação, com o objetivo de esclarecer integralmente os fatos e buscar alternativas para amenizar a situação da forma mais respeitosa e adequada possível.
Expressamos nossas mais sinceras desculpas à família afetada e nos colocamos à disposição para todos os esclarecimentos adicionais, com o devido respeito, transparência e responsabilidade — e, sobretudo, com a dignidade que as famílias que confiam em nossos serviços merecem.
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