Coreia do Norte tenta esconder navio de guerra com lonas após fracasso em lançamento
Imagens de satélite mostram destróier de 5.000 toneladas parcialmente afundado e coberto por manta azul
Internacional|Do R7

A Coreia do Norte tenta abafar os danos causados pelo tombamento parcial do novo navio de guerra do regime, ocorrido durante o lançamento do destróier na quinta-feira (22). Imagens de satélite revelam que o navio de 5.000 toneladas está sendo coberto com lonas azuis ao lado do cais na cidade portuária de Chongjin.
As fotografias mostram o navio tombado de lado, parcialmente submerso, ao lado da estrutura onde a cerimônia oficial havia sido realizada um dia antes. A manobra parece ser uma tentativa de esconder os destroços do que deveria ter sido um marco na modernização da frota naval norte-coreana.
O incidente aconteceu durante o lançamento do segundo destróier da classe Choe Hyon, a maior da Marinha do país, com 5.000 toneladas. Segundo a imprensa estatal, a embarcação estava projetada para transportar mísseis de cruzeiro e balísticos com capacidade nuclear. Ainda não há confirmação oficial sobre o tipo de armamento já instalado no navio danificado.
🚨 EMBARASSMENT: North Korea’s newest warship was severely damaged during a launch ceremony, with leader Kim Jong Un, witnessing the accident. The leader said it brought shame to the nation’s prestige and vowing to punish those found responsible, state media reported. pic.twitter.com/0b3LMrKfKw
— TV 10 Gano Mazima (@TmcMazima) May 22, 2025
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A Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) reconheceu o acidente, algo raro para o regime, e o classificou como “grave”. Em nota, a agência afirmou que a operação falhou por “imaturidade do comando” e “negligência operacional”, apontando que o trenó de lançamento na popa se desprendeu antes do tempo, comprometendo o equilíbrio da embarcação. Partes do casco foram danificadas e o navio acabou tombando antes mesmo de entrar em operação.
Kim Jong-un, que acompanhava a cerimônia, reagiu com fúria e classificou o erro como um “ato criminoso” fruto de “puro descuido, irresponsabilidade e empirismo anticientífico”. O líder norte-coreano determinou que o navio seja restaurado antes da próxima reunião do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, prevista para junho. Segundo ele, a restauração não é apenas uma questão prática, mas política, diretamente ligada à autoridade e moral do regime.
Apesar do constrangimento, analistas acreditam que a própria divulgação do acidente pela mídia estatal revela um esforço estratégico do regime. “É vergonhoso, mas a Coreia do Norte quer mostrar que está acelerando sua modernização naval e tem confiança de que poderá superar esse fracasso”, disse Moon Keun-sik, especialista em assuntos marítimos da Universidade Hanyang, em Seul, ao jornal The Guardian.
Segundo o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, o navio continua virado no mar. Um relatório do centro de estudos 38 North, baseado nos EUA, observou que o método de lançamento lateral adotado em Chongjin nunca havia sido registrado antes no país e pode ter contribuído para o desastre. A escolha teria sido motivada pela ausência de uma rampa adequada no estaleiro.
No mês ado, Kim havia apresentado o primeiro navio da nova classe de destróieres, em cerimônia realizada no porto de Nampo, acompanhado da filha adolescente Kim Ju Ae, apontada como possível sucessora. Na ocasião, o líder declarou que a nova embarcação reforçaria a capacidade da Coreia do Norte de responder a supostas ameaças dos Estados Unidos e de seus aliados regionais.
A Coreia do Norte afirma que o destróier estava equipado com as “armas mais poderosas” e que deveria entrar em operação no início do próximo ano. Especialistas ocidentais, no entanto, ressaltam que o país ainda não demonstrou capacidade comprovada de miniaturizar ogivas nucleares para uso em mísseis navais.
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