'Tínhamos um ótimo relacionamento', diz Chiquinho Brazão sobre Marielle Franco
Deputado se defendeu de acusações e disse que ele e Marielle tiveram apenas um embate na Câmara de vereadores do Rio
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

O deputado Chiquinho Brazão (RJ) afirmou nesta terça-feira (26) que "tinha um ótimo relacionamento" com a vereadora Marielle Franco. O parlamentar está preso desde o domingo (24) por suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora carioca e do motorista dela, Anderson Gomes. A declaração de Chiquinho foi feita durante a reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que optou por adiar a análise da prisão do deputado. "A gente tinha um ótimo relacionamento, só tivemos uma vez um debate", afirmou o deputado. Brazão participou da reunião online, com o cabelo raspado e vestindo roupas brancas típicas do sistema penitenciário.
Brazão disse que o debate com Marielle sobre o projeto de lei de regularização fundiária "foi uma simples discordância de pontos de vista". A proposta em questão tinha como objetivo legalizar terremos dominados pela milícia. Marielle era contra o projeto e considerada o principal ponto de resistência dentro da Câmara de vereadores do Rio.
O deputado apelou para que os parlamentares analisassem a defesa "antes de tomar essa posição [pela manutenção da prisão]". "Parece que cresce um ódio nas pessoas. Buscando, não importa quem, alguém [culpado pelos assassinatos]".
Durante a reunião da comissão, a defesa de Chiquinho alegou que a prisão é ilegal devido à falta de competência do STF. Segundo os advogados, a Constituição prevê que um deputado só pode ser preso em caso de flagrante delito por crime inafiançável.
"A legalidade da prisão a pela competência da autoridade que lhe decreta, os fatos [os assassinatos de Marielle e Anderson] são anteriores ao mandato parlamentar e não têm relação com o mandato de deputado federal", afirmou o advogado Cleber Lopes.
CCJ adia análise de prisão
A CCJ adiou nesta terça-feira (26) decisão sobre a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão (RJ). Pela Constituição, é responsabilidade da Casa avaliar a necessidade de prisão de um parlamentar. Após a análise da Comissão, o relatório será votado no plenário da Câmara.
O relator do processo, deputado Darci de Mattos (PSD-SC), apresentou parecer favorável à prisão de Brazão, mas deputados da oposição conseguiram adiar a análise do parecer sob a justificativa de que seria necessário mais tempo para analisar os critérios constitucionais. O pedido de vista (mais tempo para análise) foi feito pelo deputado Gilson Marques (Novo-SC).
A discussão foi adiada para as próximas duas sessões da comissão. Com o feriado de Páscoa e a janela partidária na semana seguinte, a votação ocorrerá provavelmente por volta de 10 de abril.