Lula: unilateralismo é ameaça aos oceanos, e canais e golfos não devem ser motivo de discórdia
Presidente da República discursou nesta segunda-feira na 3ª Conferência da ONU sobre os Oceanos, na França
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na manhã desta segunda-feira (9), que o unilateralismo é uma ameaça à preservação dos oceanos e alertou que canais e golfos não devem ser motivo de discórdia entre os países.
“Evitar que os oceanos se tornem palco de disputas geopolíticas é uma tarefa urgente para a construção da paz. Canais, golfos e estreitos devem nos aproximar e não ser motivo de discórdia”, disse.
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Lula avaliou que a adoção há mais de quatro décadas da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar consagrou o conceito de “patrimônio comum da humanidade”.
“A criação desse regime internacional para governar o espaço marítimo representou uma das maiores conquistas da história da diplomacia. Apostando no multilateralismo, fomos capazes de dirimir diferenças que pareciam insuperáveis. Hoje, porém, paira sobre o oceano a ameaça do unilateralismo. Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional, cujas regras foram erodidas a ponto de deixar a OMC [Organização Mundial do Comércio] inoperante”, disse.
Lula citou o oceanógrafo francês Jacques Cousteau, que dizia que “o ciclo da água e o ciclo da vida são um só”. “É impossível falar de desenvolvimento sustentável sem incluir o oceano.
Sem protegê-lo, não há como combater a mudança do clima. Três bilhões de pessoas dependem diretamente de recursos marinhos para sua sobrevivência. O oceano é o maior regulador climático do planeta, em função de toda a cadeia de vida que ele abriga”, alertou.
Golfo do México e Canal do Panamá
As declarações de Lula foram feitas sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez diversas declarações sobre o Golfo do México assim que assumiu a presidência para seu segundo mandato. Trump também aplicou sanções a diversos países do mundo, incluindo o Brasil.
Em seu primeiro discurso como presidente empossado dos Estados Unidos, Donald Trump afirmou que iria mudar o nome do Golfo do México e retomar o controle do Canal do Panamá.
“Vamos mudar para o Golfo da América e vamos restaurar o nome de um grande presidente, William Mckinley. [...] O presidente Mckinley fez o nosso país muito rico, através de tarifas e talento. Ele era um homem de negócios natural e deu a Roosevelt o dinheiro para muitas das grandes obras que fez, incluindo o Canal do Panamá”, disse.
Trump também citou, na ocasião, uma quebra de promessa do Panamá, a quem o Canal teria sido “dado”. “A ideia do nosso trato foi violada, e os navios e embarcações americanas estão sendo super cobrados e não tratados de maneira justa”, disse.
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