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R7 Brasília

Do pampa à amazônia: biomas brasileiros geram economia que pode faturar US$ 284 bi até 2050

Bioeconomia também pode reduzir a emissão de carbono em 550 milhões de toneladas; veja desafios e potenciais do Brasil

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Rio de Janeiro (RJ), 28/06/2023 - Paineis solares em predios no centro do Rio. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Investir em bioeconomia pode reduzir em 550 milhões de toneladas a emissão de carbono Tânia Rêgo/Agência Brasil - 28.6.2023

O investimento em bioeconomia no Brasil pode gerar um faturamento adicional para a indústria de US$ 284 bilhões até 2050. Os dados são de pesquisa realizada pela ABBI (Associação Brasileira de Bioinovação), que aponta também a possibilidade de reduzir em 550 milhões de toneladas a emissão de carbono nos próximos 27 anos.

Segundo o levantamento, várias frentes do país podem crescer com investimento em um modelo econômico baseado no uso sustentável de recursos biológicos para gerar produtos, energia e serviços. O setor de biocombustível, por exemplo, que hoje gera em torno de US$ 23,5 bilhões por ano, pode alcançar uma rentabilidade de US$ 266,1 bilhões.

Com base nessas oportunidades, o R7 produziu a série de reportagens Bioeconomia Em Cada Bioma Brasileiro para ouvir empreendedores de cada uma das regiões.

Para alcançar o crescimento no faturamento apontado pela pesquisa, no entanto, é preciso várias frentes de investimento na economia sustentável e ambiental. Professor de biotecnologia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), João Francisco Maria alerta para a importância de incentivos tributários, fiscais, econômicos e de crédito para desenvolver as diferentes cadeias do setor.


“O eixo transversal precisa investir em biotecnologia. É possível hoje, por exemplo, com o ouriço da castanha do Pará, produzir um plástico biodegradável. É preciso pensar na bioeconomia no setor de serviços e produtos”, defende.

Bioeconomia Luce Costa/Arte R7

Para ele, a bioeconomia é a principal oportunidade econômica do Brasil. “A gente é um país florestal, como a Indonésia e o Congo. Temos um patrimônio genético de biodiversidade. Mas continuamos sendo um país em que a principal atividade econômica é a agropecuária extensiva, com as commodities e produção de carne, o que tem baixo valor agregado”, observa.


João Francisco afirma que a bioeconomia pode agregar valor aos produtos brasileiros e melhorar o resultado econômico do país. “Além disso, a bioeconomia ajuda a preservar o meio ambiente, diminui a emissão de CO2 e controla o desmatamento”, diz.

Para o especialista, o Brasil continua com um desenvolvimento inferior ao desejável no setor. “Precisamos acelerar essa transição. A bioeconomia é uma economia baseada em biodiversidade, e precisamos de investimentos massivos de recursos e crédito de tecnologia nesse setor”, analisa.


“O agronegócio só se tornou o que é porque criamos a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]. Então, a gente precisa criar também um centro tecnológico [para desenvolver a bioeconomia]”, conclui.

Desafios e potenciais

Chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso avalia que a ”bioeconomia tem um enorme potencial para impulsionar o desenvolvimento regional e sustentável ao valorizar os ativos biológicos e o conhecimento local”.

“Quando utilizamos recursos renováveis da biodiversidade e da agropecuária para gerar produtos de alto valor agregado — como biocombustíveis, bioinsumos, bioplásticos ou ingredientes farmacêuticos —, criamos cadeias produtivas mais próximas dos territórios, gerando renda, inovação e inclusão”, pontua.

Para ele, isso é particularmente relevante no Brasil, “país com vasta diversidade biológica e uma agricultura altamente competitiva, capaz de ancorar uma nova reindustrialização verde e regionalizada”.

Ele diz que um dos desafios é transformar o conhecimento em escala industrial, “superando o chamado ‘vale da morte’ da inovação”.

“Ainda enfrentamos gargalos regulatórios, lacunas de financiamento para ICTs [Institutos de Ciência e Tecnologia], startups e empresas de base biotecnológica, além da necessidade de fortalecer cadeias produtivas baseadas em arranjos produtivos locais. A bioeconomia requer também uma visão integrada entre ciência, política pública e setor privado — algo que estamos avançando, mas que ainda demanda maior articulação interinstitucional”, observa.

Ele cita alguns programas já adotados pelo governo, como o RenovaBio, o Combustível do Futuro, o Mercado de Carbono e o Marco Legal do Hidrogênio, e observa que esses marcos regulatórios baseados em métricas de sustentabilidade são eficazes para induzir investimentos.

“Precisamos avançar, agora, em marcos legais que estimulem biorrefinarias, bioinsumos e o uso de resíduos agroindustriais como matéria-prima. Incentivos fiscais e apoio à pesquisa aplicada são alavancas poderosas para consolidar essa nova base industrial de baixo carbono”, sugere.

Alonso cita os benefícios de se investir em bioeconomia:

  • Geração de empregos qualificados;
  • Maior agregação de valor às cadeias agroindustriais;
  • Redução da dependência de insumos fósseis; e
  • Avanço na agenda climática por meio da desfossilização da economia.

“A bioeconomia também permite criar produtos inovadores e sustentáveis que dialogam com as novas exigências dos mercados consumidores, tanto nacionais quanto internacionais. É um modelo que une ciência, natureza e desenvolvimento”, finaliza.

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